tag:blogger.com,1999:blog-82116673490204574372024-03-19T04:19:17.346-07:00Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da EducaçãoDisciplina ministrada pelo professor Cássio Diniz, como parte do curso de Pedagogia - PARFOR/UNISALESIANOCássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.comBlogger11125tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-37748823853885929992012-08-08T12:10:00.001-07:002013-02-02T04:03:13.639-08:00Teoria: o que são classes sociais?<b style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-large; line-height: 24px; text-align: justify;">Teoria: o que são classes sociais?</b><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;">por Cássio Diniz</span></span></i><br />
<i><span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="text-align: start;">mestre em educação pela UNINOVE/SP, professor da rede pública estadual de Minas Gerais e professor-convidado na UNISALESIANO/Lins</span>
</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjocC9iz5_GpJsOLQTuMI8hQbVLV1XVHGmIc-9a_bG0M9whmnM9qnXcoVHfkIT4SopG86o9ocjekwty6o2uDh2h-l3zNKSzm2-NDWBi-saUmrK6x63s9fd0-FTrfpcsJEKc2ahibfyGHIXv/s1600/37.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjocC9iz5_GpJsOLQTuMI8hQbVLV1XVHGmIc-9a_bG0M9whmnM9qnXcoVHfkIT4SopG86o9ocjekwty6o2uDh2h-l3zNKSzm2-NDWBi-saUmrK6x63s9fd0-FTrfpcsJEKc2ahibfyGHIXv/s200/37.JPG" width="133" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Muitas vezes ouvimos falar em classe baixa,
classe média, classe alta, como forma de definir as classes sociais existentes
em nossa sociedade. Contudo, a definição que permeia esses termos existentes no
senso comum e nos principais instrumentos midiáticos não define claramente,
corretamente e profundamente o significado de classes sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Antes de responder a questão inicial,
precisamos estabelecer em quais parâmetros seguiremos. Existem diversas interpretações
e análises que podem responder esse questionamento, de acordo com a visão de
mundo, proposta e referencial teórico. Para isso, é preciso se perguntar qual
análise você quer fazer da realidade existente, com qual objetivo, e se a sua
interpretação reproduz algo que é dominante na sociedade ou se apresenta como
contra-hegemônico. Muitas vezes as respostas estão ligadas diretamente ao
projeto de sociedade que se vislumbra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Acreditamos que a corrente marxista de
pensamento é a que permite uma melhor interpretação dos fenômenos sociais,
políticos e econômicos de nossa sociedade contemporânea, seja a partir de uma
análise filosófica, histórica, sociológica ou política. Para isso usaremos do
legado teórico de Marx e Engels e as contribuições de diversos pensadores
marxistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Por muitas vezes percebemos que alguns
definem as classes sociais pela renda que cada família possui, somando seus
rendimentos mensais. Assim, de acordo com essa renda, se posiciona essa família
como classe baixa (os pobres), classe média e a classe alta (os ricos). Essa
definição é equivocada, pois são os papéis sociais no interior do modelo
econômico vigente, e não a renda, que estabelece as características de uma
classe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">De acordo com o
marxismo, classes são grupos sociais caracterizados pelo seu papel econômico e
social no interior de um modo de produção vigente em um determinado período
histórico.</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> A atual sociedade
capitalista mundial se divide em duas classes essenciais e antagônicas: a
burguesia e o proletariado/trabalhadores<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[1]</span></span></span></a>.
A primeira – minoritária – exerce seu domínio e sua hegemonia social por meio da posse privada dos meios de produção (fábricas, terras, bancos, comércio, etc.), enquanto
a segunda – majoritária – é a responsável pela produção de mercadorias e riquezas por meio de seu trabalho.
São antagônicas, pois a primeira necessita explorar economicamente a segunda
para garantir a sua existência e a reprodução do modo de produção capitalista<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Atualmente ainda existe o que alguns intitulam
de setores médios, ou “classes médias”, e se localizam em uma faixa entre a burguesia
e a classe trabalhadora. São aqueles que possuem profissões não assalariadas,
mas a sua sobrevivência depende de seu trabalho. É o caso dos advogados e dos engenheiros
com escritório próprio, médicos com seus consultórios, pequenos proprietários
rurais e donos de pequenos comércios locais, que não empregam e trabalham para
si mesmo. No entanto, à medida que o capitalismo avança sobre essas áreas
econômicas, esses setores médios tendem a desaparecer, pois não são fundamentais
para o modo de produção atual. O médico, o advogado e os engenheiros são
engolidos pelas grandes empresas (transformando-os em empregados assalariados),
assim como as grandes redes de supermercado, fast-foods e distribuidoras
engolem as mercearias e os botecos do bairro. Sem falar na expansão do
latifúndio e das empresas do agro-negócio, que destroem a pequena propriedade
rural. A tendência existente no capitalismo é a concentração dos seres humanos
em apenas duas classes sociais, já citadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A burguesia e os trabalhadores, como ditos
anteriormente, são classes antagônicas. Exercem no cotidiano e na história o
fenômeno que chamamos de luta de classes. Este consiste em um processo que faz
movimentar o próprio desenvolvimento da humanidade. Ao longo da história
podemos observar que nos diferentes períodos duas classes se antagonizavam:
patrícios e escravos na Roma Antiga, nobres e servos na Europa Medieval, e
assim por diante. E a luta entre elas – ora disfarçada, ora explicita – é que
possibilita o movimento dialético de incremento das civilizações. O próprio
capitalismo que conhecemos hoje é resultado das lutas econômicas, sociais e
políticas travadas entre a nobreza e a burguesia, que resultaram nas revoluções
burguesas dos séculos XVII, XVIII e XIX. O sistema feudal (a exemplo do que
aconteceu com outras) sucumbiu diante de suas próprias contradições e foi
destruído pela classe burguesa que exercia, à época, o papel revolucionário da
transformação, destruindo o Estado absolutista e criando em seu lugar o Estado
burguês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">E
hoje?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O capitalismo se encontra hoje em um estágio
de esgotamento. O modo de produção capitalista e a lógica do capital são
contraditórios e acabam gerando suas próprias crises estruturais. O sistema
atual conheceu seu ápice e agora está em visível queda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Contudo, ao invés de sucumbir de morte
natural, o capitalismo busca se recuperar e inventar mecanismos que possibilite
seu prolongamento. A burguesia (a classe social dominante), luta de todas as
formas a fim de manter seu papel hegemônico sobre a sociedade, e para isso
busca aumentar ainda mais a exploração da força de trabalho de sua classe
antagônica – os trabalhadores – com o objetivo de reverter a tendência de queda
da taxa de lucro<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[3]</span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Devemos lembrar que o único elemento que
produz riqueza de fato é o trabalho humano. É ele, por meio das máquinas, que
transforma um produto em outro produto, conferindo valor de uso e,
principalmente no capitalismo, valor de troca. Por isso que quando observamos
uma mercadoria precisamos analisar quanto de trabalho humano há incorporado
nela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mas o trabalhador, responsável por essa
produção de riqueza, não obtém o fruto total e real de seu trabalho. Recebe
apenas uma compensação – o salário – que garante a sua sobrevivência para o dia
seguinte. A diferença entre a riqueza total produzida pelo trabalhador e o seu
salário é chamada de <i>mais-valia</i>. A
mais-valia expropriada é a fonte de riqueza do burguês proprietário dos
meios-de-produção, apesar de seu “trabalho” não conferir nenhum valor para a mercadoria
em si. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O trabalhador acaba sucumbindo a isso devido
a sua própria condição. Historicamente desapropriado de seus meios de produção
próprios (oficinas de artesãos, minifúndios, etc.) se vê obrigados a se
submeter ao trabalho assalariado e a exploração capitalista para garantir a sua
própria sobrevivência. E o que garante a manutenção e reprodução dessa
exploração e do próprio sistema é o Estado burguês.</span> <span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O <i>Estado</i>,
segundo Marx e Engels, é e sempre foi o comitê central da classe dominante. É o
instrumento político, jurídico, militar e ideológico que impõe, justifica e
naturaliza o sistema existente. Ao longo da história houve diversos tipos de
Estado, mas sempre servindo de sustentáculo a classe dominante de um específico
período.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">No entanto, o capitalismo se encontra em
crise. A Europa e os Estados Unidos apontam claramente essa realidade. A
super-exploração da classe trabalhadora e a desumanização das condições de vida
poderá levar a todos à barbárie, ao fim da própria humanidade<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[4]</span></span></span></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Qual
a solução?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Ao contrário do que muitos propagam
atualmente, as eleições não se constituem como caminho para a transformação. O
regime democrático burguês é somente uma capa de legitimidade que o Estado
apresenta. As instituições de poder são constituídas e moldadas com um único
objetivo: gerenciar politicamente o sistema e garantir a sua reprodução. Mas
qual o caminho?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A História da humanidade se desenvolve
enquanto processo, ou seja, de forma processual e constante. E também é um
processo social, no qual os sujeitos são as classes sociais (por isso o tema
desse texto). Em nosso atual período histórico, a classe que desempenhará o
papel revolucionário de transformação é a classe trabalhadora, pois o próprio
capitalismo reuniu nela os elementos fundamentais (produção de riqueza,
concentração urbana, papel na estrutura econômica) para exercer esse papel. É
ela que, por meio das lutas e ações diretas de massas, transformará a realidade
existente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Não obstante, em sua totalidade ela ainda não
reconhece seu papel. Dizemos que ela não se percebeu enquanto <i>classe-para-si</i>, ou seja, não desenvolveu
sua consciência de classe, que permite vislumbrar a realidade, uma alternativa
contra-hegemônica e seu papel protagonista na transformação necessária. E essa
situação é resultado da imposição da ideologia dominante burguesa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 8pt;">
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 15pt; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A burguesia, como forma de preservar o <i>status quo</i>, impõe sobre
a totalidade da sociedade a sua forma de enxergar e interpretar o mundo. Seus
valores são passados como valores universais, e as condições existentes na
sociedade são naturalizadas. Isso faz com que os trabalhadores aceitem como
correto e natural o mundo em que se vive.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 8pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">É nesse sentido que a classe trabalhadora precisa se organizar
politicamente, com o objetivo de se instrumentalizar e derrotar o capitalismo,
que apesar de em crise, não morrerá de morte natural. O partido político da
classe trabalhadora deve se colocar como a organização da vanguarda
revolucionária, que dirigirá a sua classe no processo revolucionário, e junto
com ela destruirá o aparato político burguês e colocará abaixo o podre poder
capitalista. A sua existência é o elemento subjetivo primordial para o sucesso
da revolução, e permitirá a libertação ideológica da consciência de classe. Por
isso a sua construção junto a classe trabalhadora é fundamental para este fim,
sendo por sua vez a expressão política maior daqueles que lutam por um novo
mundo justo, igualitário, sem exploradores nem explorados, onde cada ser
humano trabalhará e terá </span><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">segundo suas capacidades e segundo
suas necessidades.</span><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="line-height: 150%;">
<br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span></span></a>
Segundo a definição de Marx e Engels, em nota de rodapé no Manifesto Comunista
de 1848: <i>Pôr burguesia compreende-se a
classe dos capitalistas modernos proprietários dos meios de produção social
que empregam o trabalho assalariado. Pôr proletários compreende-se a classe
dos trabalhadores assalariados modernos, que privados de meios de produção
próprios, se vêem obrigados a vender sua força de trabalho para poder existir.
(Nota de F.Engels à edição inglesa de 1888) </i>(2009, p.9).</div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[2]</span></span></span></a>
Modo de produção capitalista é o modelo econômico que se baseia na propriedade
privada dos meios de produção (sob controle da burguesia), a transformação de
praticamente tudo em mercadoria, e a exploração de mais-valia, a riqueza
produzida pelo trabalhador.</div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[3]</span></span></span></a>
Queda tendencial da taxa de lucro: O capitalismo depende do investimento de
capital para se produzir mais capital, mas a medida que mais se investe, menor
é a taxa de lucratividade desse mesmo capital. Isso leva a crises cíclicas no
capitalismo e o avanço na exploração do trabalho humano como forma de tentar
reverter esse processo.</div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Teoria%20-%20o%20que%20s%C3%A3o%20classes%20sociais.doc#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[4]</span></span></span></a>
Não podemos esquecer que a própria Terra (e seu eco-sistema) tem um limite. A
vida humana pode se extinguir se as condições materiais se esgotarem.</div>
</div>
</div>
</div>
Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-68332846767568099762012-05-28T19:03:00.005-07:002012-05-28T19:03:57.875-07:00Texto para a 5º aula - 23/06/2012<div style="text-align: center;">
<b><span style="font-size: large;">A desmoralização social da carreira docente</span></b></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Valerio Arcary</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Professor do Instituto Federal de Educação, </i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Ciência e Tecnologia (IF/SP),</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>Doutor em História – USP.</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>São Paulo – SP [Brasil]</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>arcary@uol.com.br</i></div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
clique <a href="http://www4.uninove.br/ojs/index.php/dialogia/article/viewFile/2876/2176" target="_blank">aqui</a> e baixe o texto em pdf</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-44823214627414994182012-05-25T10:27:00.003-07:002012-05-25T10:30:09.200-07:00Crítica cultural e política: ontem e hojeCaros alunos(as)<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A postagem de hoje é para refletirmos sobre as possibilidades de críticas inteligentes em meio a indústria cultural sob o sistema capitalista. Apesar das barreiras e dificuldades, o capitalismo gera contradições que permitem, hora ou outra, fissuras por onde a crítica cultural, política e social podem se manifestar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para entender, vamos assistir dois vídeos. O primeiro é do Festival da TV Record, de 1967; Chico Buarque cantando Roda Viva, um marco no combate à ditadura civil-militar (1964-1985).</div>
<div style="text-align: justify;">
O segundo é a paródia de Marcelo Adnet e trupe do Comédia MTV. Usando do incrível talendo de Adnet e da montagem técnica com cenas da época, os comediantes fazem uma crítica atual a situação política e da própria industria cultural, em outras palavras, a ditadura do capital.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assistam aos vídeos abaixo e tirem suas conclusões.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<i>original 1967</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/3ALZNNUQdYM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>paródia 2012</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/lng61g7L06Y?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-84728163988227032932012-04-30T11:11:00.002-07:002012-04-30T11:11:31.436-07:00Vídeo explicando a diferença entre senso comum e ciência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-size: large;">Senso comum e ciência</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/tysQjO9RUlQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-85716623172540701862012-04-28T08:25:00.001-07:002012-04-28T08:25:58.260-07:00Atividade para o mês de maioCaras alunas,<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Como debatido em sala de aula, este mês teremos uma atividade que deverá ser realizada ao longo de maio. A atividade consiste na elaboração de um texto/síntese de autoria própria, expondo a sua análise acerca do fenômeno educacional (e a escola formal) e usando os textos 2, 3 e 4 como referenciais teóricos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Procure levar em consideração a exposição de suas idéias, coerentes e bem embasadas teoricamente, procurando fugir do senso comum e em consonância com uma reflexão crítica. Lembrando que o seu texto poderá dar uma contribuição pessoal ao "pensar educação". Por isso o título do texto deve ser também de autoria própria.</div>
<div style="text-align: justify;">
O texto deve ser digitado, ter entre 3 e 4 páginas e seguir as normas ABNT: fonte Times New Roman 12, espaçamento 1.5, citações e bibliografia.</div>
<div style="text-align: justify;">
O prazo final de entrega será o dia 26/05 (próxima aula presencial). No entanto, as alunas poderão enviar as versões provisórias ao professor por e-mail, para que o mesmo oriente e encaminhe sugestões. Para que isso possa ser possível, é preciso que se enviem com antecedência. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atenciosamente,</div>
<div style="text-align: justify;">
Prof. Cássio Diniz</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-67900511620649026862012-04-28T07:57:00.000-07:002012-04-28T07:57:02.279-07:00Texto para a 3º aula - 26/05/2012<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: xx-small; text-align: -webkit-auto;">para baixar o arquivo, <a href="https://docs.google.com/open?id=0B7FsxHS_5D-9dVJZSkE3ckdESFU" target="_blank">clique aqui</a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-size: 20.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Uma trincheira
chamada educação:</span></b><b><span style="font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="font-weight: bold; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">O papel da educação no
contexto da luta de classes</span></b></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><i><span style="font-size: x-small;"><br /></span></i></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><i>Cássio Diniz</i></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Introdução</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Nos últimos 30 anos podemos acompanhar o crescimento do
ensino básico brasileiro. Segundo dados do Ministério da Educação e de vários
institutos de pesquisa relacionados ao assunto, mais brasileiros puderam ter
contato com a escola formal no Brasil, em comparação com as décadas anteriores.
Além do crescimento do número de jovens em idade escolar matriculados no ensino
básico, podemos perceber também a expansão do ensino universitário brasileiro,
principalmente na iniciativa privada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Sobre esta expansão do ensino brasileiro, Valério Arcary
faz uma interessante análise da educação enquanto fator de ascensão social:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A
mobilidade social relativa através da educação foi um fator de coesão social do
capitalismo brasileiro. A coesão social dependeu, essencialmente, do
crescimento econômico que levou a formação da moderna classe trabalhadora
urbana. O lugar da educação como instrumento de ascensão social foi,
entretanto, muito valorizado pela classe média brasileira, que se destacou pelo
esforço de garantir a elevação da escolaridade para seus filhos. Durante meio
século, entre 1930/80, o aumento da escolaridade foi um importante fator de
ascensão social. A educação era um dos elevadores para aceder á classe média.
Os incentivos materiais para buscar uma educação superior foram muito importantes.
A recompensa econômica na forma de salários, pelo menos, dez vezes maiores do
que o salário mínimo, era suficiente para justificar os sacrifícios. (2010)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-left: 6.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Apesar desta constatação não representar uma melhora
qualitativa da educação brasileira, e seus resultados ficarem muito aquém do
esperado (influenciados principalmente por medidas governamentais neoliberais
que buscam a transformação da educação enquanto direito em mercadoria),
observamos que ocorre no Brasil uma tendência na sociedade, principalmente na
pequena-burguesia e no proletariado, em acreditar que a educação é o grande
fator subjetivo que provocará mudanças estruturais no país, retirando o mesmo
do estado de paralisia econômica e social reinante nos últimos cinco séculos. E
isso tem sido também o discurso usado tanto pelo governo federal quanto nos
governos estaduais recentes, apesar de rezarem da cartilha neoliberal. Mesmo
diante de resultados parcos, a idéia ainda persiste entre muitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mas até quando é possível defender a idéia de que a educação
é que provocará as tais mudanças? Será que os problemas enfrentados pela
sociedade, como a miséria de muitos, a exploração, a concentração de renda e a
desigualdade social serão resolvidos ou remediados simplesmente aumentando o
acesso da população à escolarização? Ou será que o problema é mais estrutural?
E estes questionamentos tornam-se maiores em aqueles que desejam realmente a
transformação social do país e a superação de seus grandes desafios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Reiteramos que não buscamos uma visão elitista de
educação e muito menos condenar o processo de expansão do ensino básico
brasileiro, mas acreditamos ser necessário observar, com um olhar mais crítico,
certas idéias-comuns que vão sendo construídas sobre este assunto. Talvez
mergulhemos aqui em algumas polêmicas bastante interessantes ao longo deste
trabalho. Como diria Carlos Bauer, em seu artigo <i>Política de Expansão do Ensino Superior: a Classe Operária vai ao
Campus</i>:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">[...]
é imperativo reconhecer que a educação, por si só, não é capaz de provocar mudanças
profundas na estrutura social existente. Sabe-se que este tipo de postura
constitui ingenuidade. (2006, p. 465)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Afinal, o que seria a
educação?<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Entendemos como educação o processo de formação cultural
do ser, sob a forma individual e/ou coletiva. Este processo visa construir no
ser humano a capacidade de absorver e formar conhecimento e interagir no mundo
social e do trabalho, tendo como prioridade a sua formação enquanto ser social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mas ao longo da historia vimos que a educação tem tomado
caminho distinto das palavras acima. Até a formação da civilização grega, e
posteriormente da romana, a educação foi encarada de forma coletiva, buscando a
produção e a reprodução do conhecimento para o uso coletivo da comunidade. Mas
com o aumento da complexidade destas comunidades, isto é, o aprofundamento das
divisões sociais e o crescimento do aparato estatal, a educação perdeu o
caráter coletivo e tornou-se posse de uma elite social e política. A educação,
restrita aos donos do poder, tornou-se um instrumento que mantinha a estrutura
do sistema, ou em outras palavras, sedimentava o <i>status quo</i>. Para as classes oprimidas e subalternas (camponeses,
artesãos, servos, escravos, etc.) a simples capacidade da escrita e da leitura
era algo raro. Aníbal Ponce, em seu livro <i>Educação
e Luta de Classes</i>, diz sobre a educação destinada ao povo neste período:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 6.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A
finalidade dessas escolas não era instruir a plebe, mas familiarizar as massas
campesinas com as doutrinas cristãs e, ao mesmo tempo, mantê-las dóceis e
conformadas. (2000, p. 89)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Essa idéia de apropriação da educação formal por uma
classe social vai atravessar toda a Idade Média e Moderna até o momento em que
este paradigma for quebrado pelas transformações sociais, econômicas, políticas
e culturais do século XVIII.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O Iluminismo, doutrina burguesa oriunda da crítica às
contradições do Antigo Regime, vai defender que a educação deve ser um direito
a todos os cidadãos, não importando a sua classe social. Foi a primeira vez que
se quebrou a idéia de que a educação é exclusividade dos filhos da classe
dominante, sendo que a consigna principal era “educação publica, universal,
gratuita e laica”. Mas ao florescer das revoluções burguesas e a construção do
Estado Burguês (como na França, Inglaterra e os Estados Unidos), vimos que o
discurso iluminista vai ser “levemente” modificado. A educação, de certa forma,
continuará sendo um direito a todos, dentro do possível, mas haverá uma
profunda diferença entre os tipos de educação a ser oferecida para os
indivíduos oriundos de classes sociais diferentes. Enquanto que para a
burguesia a educação terá como objetivo formar a elite econômica e política da
nação, para o proletariado a educação servirá para formar uma força-de-trabalho
responsável pela produção. A primeira necessitaria de uma educação mais
aprofundada e de melhor qualidade, a segunda precisaria apenas de uma formação
bem básica, o suficiente para garantir a continuidade e agregando valor ao
trabalho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Nas
“grandes escolas” – diz Basedow, em seguida – além de ensinar a ler, a escrever
e a contar, os mestres também devem cuidar “daqueles deveres que são próprios
das classes populares”. Mas como nessas escolas só existia um só professor, que
estava encarregado de ensinar muitos alunos de idades bastante distintas [...]
Basedow se consolava com estas palavras simples e chocantes: “<i>Felizmente</i>, as crianças plebéias
necessitam de menos instrução do que as outras, e devem dedicar metade do seu
tempo aos trabalhos manuais<i>.”</i> (PONCE,
2000, p. 137)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mesmo assim muitos países levaram séculos para absorver
este ideal. A educação de uma elite quase sempre foi a única preocupação para a
maioria dos governos, deixando de lado a maioria da população. Esta situação
acabou encontrando um limite ao passo do desenvolvimento do capitalismo e da complexidade
dos novos modos de produção a partir do século XIX. Era necessário, para a
elite, instruir sua mão-de-obra a fim de se adequar as novas tecnologias. O
atraso neste sentido representaria o atraso econômico do país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Diante deste desafio, o estado brasileiro buscou reverter
a lógica existe há séculos, elaborando uma nova política em educação nos
últimos 30 anos, onde se buscou a universalização da educação, obrigando o
ensino fundamental (e agora o médio) à todos os jovens em idade escolar. Além disso,
abriu para a iniciativa privada o mercado da formação profissional em nível
técnico e superior, buscando recuperar o tempo perdido na formação da força de
trabalho e do capital humano suficiente para o desenvolvimento do capitalismo
no país, além, é claro, abrindo um novo ramo lucrativo para o capital. Mas em
se tratando de projeto de educação, devemos nos perguntar: qual o modelo de
nação queremos construir? E será que tais modelos dominantes atualmente atendem
de fato a maioria da sociedade, isto é, os trabalhadores?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Educação como algo a
mais no sistema<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Além destas transformações, a educação também se
transformou em um poderoso instrumento ideológico e cultural. Com o
desenvolvimento das relações sociais de produção, evidenciou a disputa direta
entre as antagônicas classes sociais (burguesia e proletariado) do capitalismo.
A luta de classes e o aumento da consciência da realidade colocaram-se como
elementos que em algum momento poderia abalar o sistema e provocar sua queda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Apesar de não ter sido a primeira vez na história,
percebeu-se a necessidade de se impor de fato uma ideologia que destruísse a
identidade de classe que o proletariado e demais classes oprimidas poderia
adquirir. E a melhor forma de se impor uma ideologia burguesia que corroborasse
o ideal capitalista seria justamente a educação oficial/formal oferecida pela
escola institucional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Como diria Karl Marx, o Estado é o comitê central da
classe dominante. O Estado burguês, como legítimo representante desta classe,
vai buscar por meio de seu instrumento, a escola oficial institucionalizada,
construir na sociedade os valores ideológicos da burguesia. Como diria
Althusser, “a ideologia tem uma existência material. Isso significa dizer que a
ideologia existe sempre radicada em práticas materiais definidos por
instituições materiais” (apud SAVIANI, 2009, p. 20), no qual a escola é o
Aparelho Ideológico de Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O domínio da burguesia sobre a sociedade baseia-se, entre
outras coisas, no domínio ideológico. Impor sua visão de mundo é a principal
característica da educação formal executada nas escolas públicas (a serviço do
estado) e nas escolas privadas (a serviço direto do capital). Transferir este
conhecimento é fundamental para se manter o <i>status
quo</i> do sistema. A educação se transformou em uma forma de “doutrinação da
esmagadora maioria das pessoas com os valores da ordem social do capital como
ordem natural inalterável<i>”</i> (Meszáros,
2008, p. 80). Como diria Luiz Antonio Cunha:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O
conhecimento tem sempre um caráter de classe, é sempre um conhecimento de
classe. Por isso, ele tem na posição de classe do sujeito que conhece uma
condição necessária (mas não suficiente) da verdade. (1977, p. 17)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Diante de tal constatação, como é possível defender a
possibilidade de transformação sócio-econômica e política por meio da educação
formal se a escola é um instrumento da superestrutura do capitalismo? Poderia o
Estado burguês provocar a implosão do próprio sistema?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Paulo Freire e a
educação libertadora</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Na década de 1950, num período no qual ganhava corpo a
idéia da Escola Nova e os trabalhos de Anísio Teixeira, o Brasil pôde
acompanhar o nascimento de uma nova metodologia de ensino que acabou se
transformando em uma teoria do conhecimento. Com o propósito de buscar sanar o
problema no analfabetismo em jovens e adultos, Paulo Freire revolucionou a
forma de pensar a educação, ao defender que o mesmo deve ser usado para
emancipar o homem do obscurantismo e da opressão, ao invés de acorrentá-lo
ainda mais. Em sua tese <i>Educação e
Atualidade Brasileira, </i>ele diz:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Parece-nos,
deste modo, que, das mais enfáticas preocupações de uma educação para o
desenvolvimento e para a democracia, entre nós, há de ser a de oferecer ao
educando instrumentos com que resista aos poderes do desenraizamento de que a
civilização industrial, a que nos filiamos, está amplamente armada. Mesmo que
armada igualmente esteja ela, sobretudo, de meios com os quais vem
crescentemente ampliando as condições de existência do homem. Fatores de
massificação do homem, vale afirmar, resistência à distorções de sua
consciência ingênua a formas mais perigosamente incomprometidas com sua
existência do que a representada na consciência, por nós chamada de
intransitiva. Uma educação que possibilite ao homem discussão corajosa de sua
problemática. De sua inserção nesta problemática. Que o coloque em diálogo
constante com o outro. Que o predisponha a constantes revisões. À análise
crítica de seus achados. A uma certa rebeldia no sentido mais humano da
expressão. Que o identifique com métodos e processos científicos. (FREIRE, 1959,
p. 33)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Essa nova forma que Paulo Freire dava para a educação
provocou uma profunda reflexão sobre o tema e transformou toda uma idéia sobre
o papel do ensino para a humanidade, apesar de que no início o próprio autor
não tinha uma dimensão da necessidade da transformação real na sociedade:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Em meus
primeiros trabalhos, não fiz quase nenhuma referência ao caráter político da
educação. Mais ainda, não me referi, tampouco, ao problema das classes sociais,
nem à luta de classes (...). Esta dívida refere-se ao fato de não ter dito
essas coisas e reconhecer, também, que só não o fiz porque estava ideologizado,
era ingênuo como um pequeno-burguês intelectual (1979, p. 43)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mesmo no início defendendo o nacional-desenvolvimentismo por
meio da educação, Paulo Freire teve que se exilar com a ascensão da ditadura civil-militar
no Brasil (1964-1985). Com o tempo, ele desenvolveu seu pensamento pedagógico,
no qual teve como fruto a sua obra mais conhecida, <i>Pedagogia do Oprimido</i>, onde pôde finalmente expor sua visão de
educação como instrumento de libertação do homem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Uma vez no exterior, suas idéias foram estudadas e aplicadas
em diversos países, em destaques as nações africanas que se libertavam do
domínio colonial. Foram as primeiras experiências de adoção desta prática por
dentro de regimes, muitos dos quais eram “consideradas” socialistas. O próprio
Paulo Freire teve a sua oportunidade ao estar à frente da Secretaria de
Educação do município de São Paulo durante a gestão de Luiza Erundina, após a
redemocratização do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Da teoria
revolucionária a prática revolucionária<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Com o tempo, as experiências práticas das idéias de
Freire na educação formal encontraram muitas barreiras, além de profundas
contradições impostas pelo próprio sistema. Não que suas idéias estejam
equivocadas. Pelo contrário, se usadas pelos educadores como forma de buscar a
emancipação do homem, estará contribuindo para a construção de algo novo, mas
apenas como instrumento para uma ação maior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mas diante desta nova realidade, cabe-nos fazer uma
pergunta: é possível transformar a estrutura social vigente, acabar com a
miséria e a desigualdade social, isto é, construir uma sociedade justa e
igualitária, por meio da educação formal, principalmente aquela oferecida pelo
Estado? Marx nos dá uma visão:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Uma
“educação do povo a cargo do Estado” é absolutamente inadmissível. (...) Ao
contrário, é preciso pelas mesmas razões, banir da escola qualquer influência
do governo e da igreja. (...) é o Estado que precisa ser rudemente educado pelo
povo. (apud ORSO, 2008, p. 102)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Parece-nos então que a transformação da estrutura social
não poderá ser alcançada por meio dos próprios organismos estatais, como a
escola institucional. Esta escola, inserida no contexto e organizada pelo Estado
burguês, buscará camuflar as contradições existentes no sistema e, em essência,
fará a sua defesa. Não é a toa que vemos a insistência, por parte das secretarias
de educação, em projetos político-pedagógicos escolares em sintonia com um
projeto único de governo, além das famosas avaliações de desempenho que buscam
limitar a autonomia de educadores. Mas isso não significa que a educação como
um todo não é importante para o processo de destruição do capitalismo. Ao
contrário, ela se transforma em um instrumento importantíssimo para o
proletariado avançar na construção de um mundo justo e igualitário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Cabe-nos lembrar que a transformação radical da estrutura
social é o resultado de um processo revolucionário, que no caso, deve ser
orquestrado pela classe explorada diretamente pelo capital. Esse processo é
dado pela ação direta, na dinâmica da luta de classes, por meio do combate
econômico e político contra a burguesia. “Longe de entender a educação como
determinante principal das transformações sociais, reconhece ser ela elemento
secundário e determinado”<i> </i>(Saviani,
2009, p. 59). A educação deve ser vista como fator, por vezes decisivo, que
possibilite instrumentalizar o proletariado, e não como substituto da ação
direta do mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Dermeval Saviani, em seu livro <i>Escola e Democracia</i>, defende a construção e o domínio do
conhecimento historicamente acumulado – e construído – pela humanidade com o
intuito de aplicá-la para superar a sociedade capitalista. Baseando-se em
Gramsci, ele vai defender que uma vez dominado o conhecimento, o proletariado
forme os mecanismos necessários a serem usados nos conflitos diretos e
indiretos da luta-de-classes. A isso Saviani chamará de Pedagogia Histórico-Crítica.
E mais:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Eis
aí o sentido da frase “a verdade é sempre revolucionária”. Eis aí também por
que a classe efetivamente capaz de exercer a função educativa em cada etapa
histórica é aquela que está na vanguarda, a classe historicamente
revolucionária. Daí o caráter progressista da educação. [...] (Saviani, 2009,
p. 79) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Mas esta pedagogia Histórico-Crítica teria espaço na
escola formal? Além de usada na chamada educação informal, aquela ministrada
por movimentos sociais, como sindicatos, partidos e comunidades de base, entre
outros, a luta pela construção da consciência revolucionária por meio da
educação pode encontrar na escola institucional um terreno propício para o seu
florescimento. A escola pública, por excelência, é a escola da classe
trabalhadora, e não há outro caminho que não seja garantir a esta classe o
conhecimento necessário que lhe possibilite interpretar cientificamente o mundo
em que vive, além, é claro, instrumentalizá-lo na luta pela construção de uma
sociedade econômica e socialmente igualitária. Como diria Trotsky: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Se
não esquecermos que a força motriz do processo histórico são as forças
produtivas que liberem o homem do domínio da natureza, então compreenderemos
que o proletariado necessita apoderar-se de toda a soma do conhecimento e da
capacidade elaborada pela humanidade no curso de sua história, para poder
emancipar-se e reconstruir a vida sobre a base dos princípios de solidariedade.
(apud BAUER, 2008, p. 12)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">A escola publica se transforma, então, em espaço de
disputa da consciência de seus alunos, isto é, num campo onde se combaterá o
projeto político-pedagógico do Estado burguês, e no qual o proletariado
avançará da consciência de <i>classe em si</i>
para <i>classe para si</i>. Mas para que
isso ocorra é necessária a ação de educadores comprometidos com um projeto de
uma sociedade diferente. O compromisso do educador com a verdade transformadora
é importante nesta ação e, assumindo este compromisso, estará assumindo a
defesa e luta de uma classe:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">[...]
numa sociedade dividida em classes, a classe dominante não tem interesse na
manifestação da verdade já que isso colocaria em evidência a dominação que
exerce sobre as outras classes. Já a classe dominada tem todo o interesse em
que a verdade se manifeste porque isso só viria patentear a exploração a que é
submetida, instando-a a se engajar na luta de libertação. (Saviani, 2009, p. 79)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">É nesse sentido que ganha importância as organizações de
classe, principalmente aquelas ligadas a categoria dos trabalhadores em
educação. As entidades sindicais devem ter consciência de que, além de
organizarem e dirigirem as lutas econômicas, ser também formadora de agentes
para atuarem enquanto educadores militantes de uma causa<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/aulas/Resenhas%20e%20artigos%20pr%C3%B3prios/Uma%20trincheira%20chamada%20educa%C3%A7%C3%A3o.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
(daí a importância de uma direção comprometida com um projeto revolucionário). E
nisso pode-se incluir as práticas do pensamento freiriano como elemento a mais
para a formação do homem livre. Como diria o próprio Freire sobre a ação
sindical dos trabalhadores em educação: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-left: 5.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade
deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto
prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas é algo que
dela faz parte</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-font-weight: bold;">. (FREIRE,
1996, p. 74)</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Estes professores, formados como intelectuais orgânicos, na
concepção de Gramsci, devem buscar transformar a escola formal institucional em
uma verdadeira trincheira do proletariado contra a burguesia, na busca pela
destruição de um sistema excludente e desigual, e a construção de uma nova
sociedade, de fato justa e igualitária. Somente assim poderemos falar em um
novo mundo, que nós trabalhadores tanto desejamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 125%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 125%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Referências bibliográficas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
ARCARY, Valério. <i> Menos
pobre e menos atrasado, mas não menos injusto: diminuição do papel da educação
como fator de mobilidade social</i>, in <a href="http://www.pstu.org.br/">www.pstu.org.br</a>,
acessado em agosto/2010.</div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">BAUER, Carlos. <i>Política de expansão do ensino superior: a
classe operária vai ao campus</i>, in <u>EccoS</u>, São Paulo, v. 8, n. 2, p.
449-470, jul./dez. 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">BAUER, Carlos. </span><i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Introdução crítica ao humanismo dialógico de
Paulo Freire.</span></i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> Editora José Luiz e Rosa
Sundermann. São Paulo, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">CUNHA, Luiz
Antonio. <i>Diretrizes para o estudo
histórico do ensino superior no Brasil, </i>in <u>Fórum Educacional da Fundação
Getulio Vargas</u>. FGV, Rio de Janeiro, jan./mar. 1977.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
FREIRE, Paulo. <i>Educação e atualidade brasileira</i>. Tese de concurso para a cadeira
de história e filosofia da educação na Escola de Belas-Artes de Pernambuco.
Recife, 1959.</div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">FREIRE, Paulo. <i>Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa</i>. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. <i>Textos sobre educação e ensino, </i>2ª
edição, Moraes, São Paulo, 1992.</div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">MESZÁROS, István. <i>Educação para além do capital</i>. 2ª
Edição, Boitempo Editorial, São Paulo, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">ORSO, Paulino José; GONÇALVES, Sebastião
Rodrigues; MATTOS, Valci Maria (org.). <i>Educação
e luta de classes</i>. São Paulo: Expressão Popular, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">PONCE, Aníbal. <i>Educação e luta de classes.</i> São Paulo. Cortez, 17º edição, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Default" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">SAVIANI, Dermeval. <i>Escola e democracia.</i> 41ª edição, Autores Associados, São Paulo,
2009.<o:p></o:p></span></div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/aulas/Resenhas%20e%20artigos%20pr%C3%B3prios/Uma%20trincheira%20chamada%20educa%C3%A7%C3%A3o.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> É importante destacar neste momento que cabe
aos movimentos sociais, principalmente o movimento sindical docente, a
construção de um projeto contra-hegemônico de educação, que atenda de fato os
interesses da classe trabalhadora, que tem na escola pública a sua escola. A
luta passa a ser também a disputa da consciência da classe trabalhadora, e por
isso é necessário a embate contra a ideologia hegemônica da educação imposta
pelo capital.</div>
</div>
</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-31804556894384366672012-04-08T19:50:00.001-07:002012-04-08T19:50:33.153-07:00Avaliação dia 28/04/2012<div style="text-align: justify;">
Lembramos que no encontro do dia 28 de abril realizaremos nossa primeira avaliação da disciplina. O conteúdo a ser cobrado será:</div>
<br />
<ul>
<li style="text-align: justify;">1º texto: <span style="text-align: justify;">Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação: Se apropriando
e construindo conceitos acerca da educação na sociedade moderna;</span></li>
<li><span style="text-align: justify;">2º texto: Introdução ao livro de Antonio Joaquim Severino;</span></li>
<li style="text-align: -webkit-auto;"><span style="text-align: justify;">3º texto: </span><span style="text-align: justify;">A educação na
sociedade de classes: </span><span style="text-align: justify;">possibilidades
e limites.</span></li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
Este último texto será debatido e suas dúvidas tiradas no período da manhã, sendo a avaliação a tarde.</div>
<div style="text-align: justify;">
Para ajudar a refletir o 3º texto, eis algumas perguntas:</div>
<div style="text-align: justify;">
<ol>
<li>Segundo Paulino Orso, por que a educação na sociedade capitalista é limitada?</li>
<li>Qual a relação o autor estabelece entre educação formal/escola e a sociedade em que vivemos?</li>
<li>Quais as possibilidades apresentadas por Orso?</li>
</ol>
<div>
Qualquer dúvida, entrem em contato comigo por e-mail ou facebook.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Abraços</div>
</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-54489553500494627952012-04-08T19:36:00.002-07:002012-04-08T19:40:50.696-07:00Texto para a 3º aula - 28/04/2012<span style="font-size: x-small;">para baixar arquivo, </span><a href="https://docs.google.com/open?id=0B7FsxHS_5D-9NE1xT0lyR09TUm15RFQ2SGNEamF5QQ" style="font-size: small;" target="_blank">clique aqui</a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-small;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 18pt;">A educação na
sociedade de classes: <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 18pt;">possibilidades
e limites <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Paulino José Orso<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">[1]</span></span></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Em
um artigo denominado "As possibilidades e os limites da educação"<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></a>,
publicado por ocasião das comemorações dos 130 anos da Comuna de Paris de 1871,
realizadas em 2001, concluía o mesmo afirmando que quem acredita na educação
luta para transformar a sociedade. Pois bem, neste partimos desta premissa para
tratarmos da educação na sociedade de classes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Muito
se tem discutido sobre o papel da educação na sociedade, se ela apenas reproduz
a sociedade em que está inserida ou se ela é ou pode ser revolucionária a ponto
de transformar toda a sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Entretanto,
muitos, em vez de analisa-Ia e compreendê-la de acordo com a categoria da
totalidade, caem na perspectiva positivista e simplesmente deslocam-na do
conjunto das relações sociais de produção, embrenham-se pelo idealismo e
apresentam-na como se fosse capaz de promover o desenvolvimento econômico,
garantir o bem estar social e conduzir a todos à felicidade; fazem dela a responsável
pelo sucesso ou fracasso de cada um. Analisando-a de forma abstrata, deslocada
das contradições e dos antagonismos de classes, atribuem a ela um caráter
redentor. Entretanto, existem "n" formas de educação; não é possível
para falar de educação abstratamente, nem desconsiderando a história. Além
disso, as finalidades com que se educa também não são as mesmas em todas as
épocas, em todos os lugares e em todas as sociedades. Simplificando,
poder-se-ia dividir a educação em dois tipos: a formal e a informal. A primeira
refere-se àquela ministrada em sala de aula, com professores, programas,
conteúdos, objetivos definidos, que é realizada de forma sistemática. A segunda
diz respeito à realizada cotidianamente, baseada nos costumes, nas leis, nas
tradições, nas lutas do dia-a-dia, nas mobilizações, na aprendizagem durante a
vida. Ambas são formas de educação e variam de acordo com a sociedade, com as
relações de força envolvidas, com a época, com o estágio de desenvolvimento e o
lugar em que ocorrem. Mas, afinal de contas, o que é ou em que consiste a
educação? Se pudéssemos abarcá-las numa mesma definição, poderia se dizer que a
educação é a forma como a própria sociedade prepara seus membros para viverem
nela mesma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ora,
se a educação é a forma como a sociedade educa seus membros para viverem nela
mesma, então, para compreender a educação precisamos compreender a sociedade.
Assim, na me-dida em que a compreendermos, também entenderemos aquela. Partindo
do princípio de que, após o surgimento da propriedade privada dos meios de
produção, a história da humanidade tem sido a história das lutas de classes<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[3]</span></span></span></a>
e que atualmente vivemos no modo de produção capitalista, baseado na extração
da mais-valia, na exploração, na competição e na concorrência, a educação, submetendo-se
às determinações da base material, no geral acaba contribuindo para a
reprodução desta sociedade, pois, "na produção social de sua vida, os
homens contraem determinadas relações de produção necessárias e independentes
da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de
desenvolvimento das forças produtivas materiais"<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[4]</span></span></span></a>.
Ou seja, a educação tende a "refletir" a sociedade que a produz,
pois, expressa o nível de compreensão dos que a fazem, permitida pela sociedade
de cada época, de acordo com a etapa de desenvolvimento e das relações sociais.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Quanto
à educação formal, ela geralmente se parece mais com uma forma de adestramento,
disciplinarização, treinamento e docilização dos indivíduos, do que como meio
de transformação e de revolução social. Mesmo quando tem a preocupação de ser
crítica, de subverter a ordem acadêmica e de questionar o sistema vigente, o
que é um tanto raro e incomum nos tempos atuais, é envolvida por um amplo
aparato disciplinar e burocrático deixando pouco espaço para a flexibilidade e
para a realização de experiências alternativas. Além disso, na maioria das
vezes, os conteúdos estão mais voltados para ensinar que "a Eva viu a
uva", ou seja, conteúdos abstratos, do que para compreender a vida concreta,
isto é, a matemática da fome, o português da violência, a geografia e a
história da exploração e dos problemas sociais, a ciência da história da vida
real dos homens e voltam-se mais para a adaptação, para a alienação e para o
conformismo do aluno ao meio do que para desmistificar, para questionar as
condições de vida e o modo de produção capitalista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Esta
forma de educação corresponde à essa sociedade, que tem na alienação da força
de trabalho e, conseqüentemente, na alienação da consciência um meio de se
reproduzir e se perpetuar. E não poderia admitir outra, pois se o fizesse,
corresponderia a outra sociedade e não à de classes. Como ela não é constituída
por um bloco monolítico, também é permeada por contradições e, eventualmente,
até pode permitir a realização de algumas experiências diferentes. Todavia, no
geral, predomina um tipo de educação abstrata, necessária à essa sociedade,
pois, sendo o determinante maior a base material, da condiciona a consciência
estabelecendo-se assim um tipo de educação correspondente a ela. Ou seja, urna
educação voltada para estimular o individualismo, para fomentar a competição,
para enaltecer a concorrência, para premiar pela produtividade e punir pelos
resultados não desejados, permitindo, assim, selecionar os mais aptos e mais
adaptados, de acordo com os valores vigentes nessa sociedade — uma educação
para a subserviência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ao
lado desta, na América Latina, têm surgido inúmeras formas de educação popular;
umas de forma institucionalizadas outras não. No Brasil, por exemplo, tivemos a
experiência realizada por Paulo Freire, em que o aluno, ao mesmo tempo que
aprendia a ler e escrever, também era levado a ler, compreender e interpretar o
mundo e a sociedade em que vivia. Todavia, a ditadura militar se encarregou de
esmagar a experiência e exilar seu idealizador. Em substituição a esse método,
implantaram o Movimento Brasileiro de Alfabetização — Mobral, que visava
eliminar um determinado conteúdo político e ideológico e substituí-lo por
outro, por uma educação moral e cívica, adequada ao militarismo desenvolvimentista da época. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas,
se a educação está mais voltada para a adaptação do indivíduo ao meio e se este
se constitui na sociedade capitalista em que um homem explora e domina o outro,
porque se preocupar em alfabetizar e educar milhões de seres humanos que não
sabem ler e escrever? Nossa sociedade é uma sociedade gráfica, isto é, baseada
na escrita. Saber ler e escrever significa ter acesso a um mínimo de
sociabilidade, ter um mínimo de autonomia individual. Entretanto, a escrita foi
inventada há mais de 6.500 anos e um bilhão de pessoas ainda não sabe ler e
escrever. No Brasil, por exemplo, ainda temos cerca de 18 a 20 milhões de
analfabetos, sem contar os analfabetos funcionais, que mal ou apenas sabem ler
e escrever. Portanto, alfabetizar e possibilitar o acesso ao conhecimento
formal, não significa fazer nenhuma grande revolução social. Mas, pelo menos,
significa permitir que a pessoa saia do estado vegetativo e conquiste um mínimo
de autonomia e independência perante o mundo em que vive, ainda que isto seja
insuficiente para que realmente seja um homem livre e viva com um mínimo de
dignidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Mas,
mesmo nessa sociedade capitalista, é possível garantir que todas as pessoas
tenham acesso a um mínimo de educação formal ou até mesmo à escola pública e
gratuita? Para a sociedade capitalista, em sua forma pública ou privada, em
princípio não há nenhum problema em oferecer educação para todos. Aliás,
paulatinamente vemos o acesso à escola se popularizar cada vez mais, a ponto de
que, mais dia menos dia, ela até possa ser universalizada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No
campo da educação, nesse momento também vemos a iniciativa privada avançar a
passos largos. Contudo, é possível que em algum momento, de acordo com o grau
de exigência social, a chamada educação pública possa vir a ser ofertada a
todos (tese esta um tanto utópica, mas perfeitamente possível). Se ela
preservar, não questionar e não pôr em risco a propriedade privada, se houver
condições econômicas suficiente para bancá-la, não há nenhum problema em
universalizá-la. Entretanto, sabemos que a extensão da educação a mais ou menos
pessoas, dependerá da pressão da sociedade, da exigência social e das
necessidades do capital em cada época. Por isso, ainda que em determinado
momento existam as condições materiais necessárias para possibilitá-la a todos,
poderá não ser estendida ou somente será oportunizada quando existir pressão
popular suficientemente forte e capaz de transformar o potencial em algo real.
Pois, ela pode ser utilizada como uma moeda de negociação e canalização das
lutas sociais. Por outro lado, se ela for paga, o problema será menor ainda.
Pois, até servirá como um campo de extensão e de ampliação do capital em um
momento de crise de acumulação, por exemplo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">No
momento em que o capital passa por uma profunda cri-se de superprodução, em que
o capital encontra-se estrangulado, existem duas saídas para ela. Urna está na
imposição da flexibilização e liberalização das fronteiras, no rompimento das
barreiras e na desburocratização para abrir novos espaços e campos para o seu
desenvolvimento. A outra está na necessidade de queimar e destruir forças
produtivas, por exemplo, por meio da guerra, sob pena de provocar seu próprio
aniquilamento. Então, a desestatização e a privatização transformam-se em
alternativas que permitem desafogar, ao menos temporariamente, a crise do
capital e garantir um novo, porém pequeno, período de desenvolvimento, até
gerar uma nova crise. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">O
sucateamento da escola pública e a expansão da escola privada inserem-se dentro
das necessidades do capital, uma vez que, "os processos educacionais e os
processos sociais mais abrangentes de reprodução estão intimamente
ligados"<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[5]</span></span></span></a>.
Assim, para compreender as características da escola, para entender o processo
de expansão e de retração da escola pública, bem como, da expansão da escola
particular é preciso entender o processo de desenvolvimento do capital e seus
ciclos de desenvolvimento e de crise. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Portanto,
é um equívoco centrar a discussão educacional numa abstração em, se ela é ou
não é reprodutora, se ela é ou não é transformadora, se ela é ou pode ser
revolucionária. Como a sociedade não é homogênea, como está permeada de
contradições, de lutas e antagonismos de classes, a educação se transforma de
acordo com movimento da sociedade, que ao se transformar e ser transformada,
também possibilita uma educação de tipo diferente, adequada à nova realidade.
Assim, em cada época e em cada sociedade, a educação "reflete" as
condições do desenvolvimento social, o nível de desenvolvimento das forças
produtivas e a relação de forças entre as classes envolvidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Desse
modo, falar da educação numa sociedade de classes, numa sociedade capitalista,
significa dizer que ela está voltada à conservação do status quo e à
legitimação das estruturas sociais vigentes. Se quisermos ter outro tipo de
educação não nos resta outra alternativa senão lutar pela transformação da
sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">A
sociedade centralizada, hierárquica, especializada, elitista e seletiva como
está organizada atualmente, bloqueia, cerceia e inibe as iniciativas que possam
desafiá-la. Nesse sentido, como diz Harper,<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">é certo, porém, que estas
experiências, ao aproveitarem as brechas existentes e ao utilizarem os espaços
disponíveis, esgotam o campo do possível no interior do sistema escolar. Os
educadores, os pais de alunos e os estudantes que conseguirem criar esses
espaços de liberdade e de experimentação fazem de sua prática educativa uma
negação viva do modo de organização social dominante e do tipo de escola
seletiva e elitista que lhe é funcional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 4.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> O bom profissional da educação, ao
esmerar-se na realização de seu trabalho, também perceberá os limites dele e de
sua ação no interior da sala de aula; perceberá que sua luta não poderá
circunscrever-se à escola, apesar de ser este o local de seu trabalho
profissional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Entretanto, a transformação da
sociedade depende do processo de desenvolvimento das forças produtivas, das
relações sociais e (Ias contradições gestadas no seu interior. Pois, como diz
Marx: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">(...) ao chegar a uma determinada
fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam
com as relações de produção existentes (...) De formas de desenvolvimento das
forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculosa elas. E se abre,
assim, uma época de revolução social. Ao mudar a base econômica,
revoluciona-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida
sobre ela.<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 11pt;">[6]</span></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Todavia, se a educação não é
propriamente reprodutora nem redentora, também não é revolucionária. Ela expressa
as contradições e a própria sociedade em que está inserida. A sociedade
estabelece os limites e as possibilidades da educação; estabelece sua qualidade
e sua quantidade, sua forma e seu conteúdo. Isto significa que lutar somente
pela educação, é lutar em vão; que é necessário lutar pela educação lutando
simultaneamente pela transformação da sociedade. Pois, "a exigência de
abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição
que necessita de ilusões".<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[7]</span></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Mas, a superação das ilusões, bem
como daquilo que as produz, não ocorre por um ímpeto voluntarista. Entretanto,
nessas condições o acesso ao conhecimento científico, que se identifica com o
domínio da organização e do funcionamento da realidade, aparece como uma
condição <i>sine qua non</i> à
transformação, mas não suficiente por si só. O acirramento das contradições e
dos antagonismos sociais desencadeiam as condições para a mobilização social.
Até não se apresentar uma situação limite em que esteja em jogo a sobrevivência
do homem, imperará o individualismo, a competição, a concorrência, a busca de
saída de tipo personalista e, no geral, de cada um a suas custas. Se a base
material exige o estabelecimento de relações necessárias e independentes da
vontade, somente no momento em que urna situação nova revelar a insuficiência
das relações anteriores e exigir outras novas, elas serão desencadeadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> De que adianta "dizer" que
é preciso mudar de mentalidade, que é preciso deixar de ser individualista, que
é preciso ser solidário, que é preciso pensar no outro, que é preciso ser
fraterno, que é preciso deixar o egoísmo de lado, se isso não passar de
palavras de efeito e de tipo moralistas? Por isso, é necessário considerar o
modo como a sociedade está organizada para garantir a sobrevivência. As pessoas
até podem não querer explorar e dominar os outros; podem querer ser fraternas e
solidárias, mas são forçadas a fazer o contrário devido ao modo de produção
dominante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Portanto, não basta dizer que a
educação é mediadora. Afinal, ela é mediadora para "n" coisas. Assim
como é inócuo pensar que basta diferenciar educação de formação; que em vez de
aluno (sem luz própria) os denominemos de educandos; que bas-ta estabelecer
novos "paradigmas" de produção do conhecimento, pois impõe-se a mesma
observação feita por Marx na Tese 3 sobre Feuerbach, em que afirmava: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">A doutrina materialista da
transformação das circunstâncias e da educação esquece que as circunstâncias
têm de ser transformadas pelos homens e que o próprio educador tem de ser educado.
(...) A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou
autotransformação só pode ser tomada e racionalmente entendida como práxis
revolucionária.<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn8" name="_ftnref8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 11pt;">[8]</span></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Ou seja, Marx reforça a tese de que,
quem de fato educa o homem é a sociedade, tanto pelas pessoas que a fazem
quanto pelas condições em que vivem. A educação corresponde ao nível de
desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção de cada
sociedade, em cada época. Assim, a educação se transforma ou é transformada à
medida em que também se transforma a sociedade, em que a luta se acirra. Novas
relações de produção exigem novas relações sociais. Estas suscitam novas
representações ideais, novas teorias, novos conceitos, novas idéias, condição
para novas ações e novas práticas, para mudanças que possam ir além das do tipo
estímulo resposta. Dessa forma, impõe-se mais do que nunca, conhecer cada vez
melhor a sociedade, conhecer como ela se movimenta, como se transforma, para
poder intervir nela nos momentos adequados. A verdadeira aprendizagem se dá na
luta concreta, na percepção de que a sociedade de classes e a sociedade
capitalista é inviável ao ser humano; na destruição das promessas e ilusões
burguesas. Isso ocorre com as transformações sociais, que vão provocando novas
relações e que, por sua vez, vão minando o sistema e desencadeando novas formas
de se organizar e se viver socialmente. As formas de organização baseadas no
individualismo e na competitividade, vão sendo superadas por formas de
organização baseadas no coletivo e na cooperação, na negação do individualismo;
vão rompendo com o personalismo e com a competitividade e levam à descoberta da
necessidade de luta, de cooperação e do outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Como se pode perceber, nesta
sociedade, a educação, ainda que seja um espaço de contradição, no geral
prepara o indivíduo para o mercado, para explorar ou para ser explorado, ou
seja, para a adaptação e reprodução das condições vigentes. Entretanto, o que é
que de fato importa? Importa é que a classe trabalhadora se liberte, que supere
a dominação e conquiste a liberdade, não a ilusória e falsa liberdade burguesa,
mas sim a liberdade humana; que construa uma nova humanidade e um novo homem,
resultados do fim da propriedade privada e das classes sociais. Num sistema que
submete tudo e todos à sua lógica é insuficiente promover reformas pontuais,
periféricas e marginais. Mas, como conseguir isso? Vou citar três exemplos,
dentre tantos, que permitem perceber que é possível construir uma nova
humanidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> O primeiro é o exemplo da Comuna de
Paris, que em 1871 demonstrou que se quisermos construir uma nova humanidade e
ter uma nova educação que permita que o homem se desenvolva integralmente, não
basta promover reformas, é preciso acabar com o modo de produção capitalista,
com a sociedade de classes e com o Estado. A comuna demonstrou não apenas a
possibilidade, mas a necessidade da unidade de classe dos trabalhadores,
condição para o enfrentamento da classe dominante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> O segundo é o exemplo das Madres da
Praça de Maio da Argentina. As Madres que tiveram seus filhos perseguidos,
presos, torturados, exilados e mortos por lutar e defender uma nova sociedade,
inicialmente, passaram a procurar e buscar por seus filhos cada uma
individualmente. Depois, os desafios fizeram com que elas se unissem e
percebessem que o problema não era individual; perceber que outras mães também
tinham filhos seqüestrados e mortos. Então passaram a se organizar e a lutar
coletivamente. Na luta, perceberam que a comissão de direitos humanos, a
igreja, os juízes, os políticos, além de não resolver seus problemas, de não
trazer seus filhos de volta, eram cúmplices dos desaparecimentos e das
atrocidades. Por isso, perceberam que era inútil recorrer a eles. Na luta
compreenderam que a causa dos problemas está na sociedade de classes, na
sociedade capitalista e que a única saída que havia para superá-los era lutar
pela transformação radical da sociedade. Ou seja, de donas de casa, a luta
levou as Madres a superar suas diferenças individuais, seus interesses pessoais
e imediatos, e fez com que percebessem que a única condição dos fracos se
fortalecerem é na unidade. Com isso, perceberam a necessidade de se
transformarem em revolucionárias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> O terceiro exemplo é o do MST —
Movimento dos Trabalha-dores Sem Terra. Os sem-terra também cansaram da
enganação, das ilusões e das promessas burguesas; cansaram das promessas de
liberdade e de democracia; cansaram das promessas de que, "primeiro é
preciso fazer crescer o bolo para depois dividi-lo"; de que primeiro é
preciso acabar com a inflação, para depois promover a distribuição de renda; de
que é preciso fazer a reforma agrária dentro da lei, dentro da negociação.
Todas essas estratégias burguesas revelaram-se ilusões. Entretanto, disso tudo
resultou a aprendizagem de que, só pela organização e pela luta o povo consegue
conquistar seus "direitos"; só o povo organizado pode revolucionar e
transformar a sociedade em que vive. Como diz Marx, a liberação dos
trabalhadores será uma conquista dos próprios trabalhadores ou não será de mais
ninguém. Os sem-terra também perceberam que não basta conquistar um pedaço de
terra, pois o sistema produz um número infinitamente maior de sem-terra do que
os que conseguem conquistar um pedaço de chão. Então, de uma luta voltada
apenas para a conquista da terra individualmente, perceberam que mesmo que a
luta fosse apenas por ela, no plano individual seria muito difícil de
conquistar. Dessa aprendizagem resultou a compreensão de que a luta deve-ria
ser coletiva, pois os seus problemas eram comuns. Além disso, entenderam que se
a luta, mesmo sendo coletiva, tivesse seu fim apenas na conquista da terra e
não como parte de um processo mais amplo, a superação do modo de produção
capitalista, mais dia, menos dia, os problemas seus ou de outros voltariam a
ser os mesmos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Se quiséssemos enumerar teríamos
mais uma série de exemplos semelhantes a estes para citar, nos quais se revela
que a verdadeira aprendizagem ocorre na luta. Mas, penso que estes já são
suficientes para ajudar Os educadores a percebem que também precisam aprender
com a luta e com a história. Basta olhar um pouco para a história para perceber
as mentiras seculares propagadas pela burguesia e deixar de acreditar em suas
promessas de progresso, de bem estar, de redenção pela educação. Portanto, é preciso
perder a ilusão, deixar de ser ingênuo. É preciso partir para a luta, tendo
como referência a identidade de classe. Como diz Marx, ou se resolvem os
problemas na prática ou não se resolve. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">As armas da crítica não podem, de
fato, substituir a crítica das armas; a força material tem de ser deposta pela
força material, mas a teoria também se converte em força material uma vez que
se apossa dos homens. A teoria é capaz de prender os homens desde que demonstre
sua verdadeira face ao homem, desde quese torne radical. Ser radical é atacar o
problema em suas raízes. Para o homem, porém, a raiz é o próprio homem.<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftn9" name="_ftnref9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 11pt;">[9]</span></span></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Mas, se é a sociedade que educa,
qual o papel que cabe ao professor? Não nos esqueçamos que ele também faz parte
da sociedade. E, nesse sentido, tem uma tarefa importante para cumprir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> O professor realiza um trabalho
social específico, não melhor, nem mais nobre ou superior, mas sim diferente
dos demais trabalhadores; o professor não é um sacerdote. Se não fosse
professor, como um trabalhador que precisa vender sua força de trabalho para
poder sobreviver, possivelmente estaria realizando um outro tipo de trabalho
qualquer e vendendo sua força como padeiro, marceneiro, agricultor,
confeiteiro, vendedor, pedreiro, coveiro, escriturário, motorista etc. —
estaria educando e sendo educado em outro local. Ou seja, seria membro da
classe trabalhadora, submetido à mesma lógica do modo de produção capitalista
como os demais trabalhadores, mas exercendo uma outra função social. Muitas
vezes, pelo fato de o professor trabalhar com as idéias, tem a impressão de que
não é trabalhador, de que não pertence à mesma classe dos demais. Daí a
importância de se reconhecer como trabalhador, como membro da mesma classe, com
a "missão" de, por intermédio do trabalho que realiza, contribuir
para a superação de sua própria condição social. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Enfim, o professor é um trabalhador
que se especializou na arte de ensinar/aprender e, assim corno os demais
trabalha-dores, deve realizar seu trabalho da melhor maneira possível. Para isso,
não pode se dar o luxo de fazê-lo de qualquer jeito, confiar apenas na sua
experiência, nos seus anos de trabalho, na sua própria sorte. Como
profissionais da educação realizam uni tipo de trabalho de certa forma
privilegiado que, ao mesmo tempo, permite que os educandos tenham acesso ao
saber científico historicamente acumulado e fazer a crítica radical do
conhecimento e da própria sociedade que o produz. Dependendo da forma como for
realizado, o trabalho pode revelar a própria condição existencial dos
trabalhadores em educação e também dos demais trabalhadores, possibilitando
identificar-se como pertencentes a uma classe, à classe trabalhadora. O
reconhecimento dos trabalhadores em geral e dos da educação como classe e o
reconhecimento das condições a que esta classe está submetida, exige que, por
meio do trabalho que realizam, contribuam para a superação de sua condição. No
mínimo seria um contra-senso os trabalhadores da educação fazerem de conta que
esta é uma instância neutra e limitarem-se à sua própria reprodução. Quando
esta compreensão se generalizar, quando a classe trabalhadora compreender isto,
quando sua consciência for tal que não mais aceite sua condição de explorado e
de classe, ela própria se transformará na força material que deporá as
estruturas que a produzem e construirá as condições para humanização do homem.
Cabe ao professor, por meio do trabalho que realiza, portanto, ajudar a
preparar o alunos para uma nova sociedade; a ajudar ao aluno transitar do
estado de consciência alienada para a superação de seu estado de classe; servir
de ponte entre a realidade atual e a que se quer construir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Os três exemplos acima, apesar de
reforçarem o papel da luta organizada para educar e transformar a sociedade não
desprezam a educação escolarizada, mesmo que dentro de suas limitadas
possibilidades, dado o caráter dependente em relação às demais estruturas
sociais. Tanto a Comuna de Paris, quanto as Madres da Praça de Maio como os
sem-terra trataram de construir suas próprias escolas e elaborar suas próprias
propostas educacionais, adequando-as, porém, às suas concepções e aos seus
projetos de mundo e de sociedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> Ou nos organizamos e lutamos pela
transformação da sociedade ou então não teremos uma educação de nova modalidade
nem construiremos um homem novo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;">Referências bibliográficas <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">MARX,
K ENGELS, F. "Manifesto do Partido Comunista". In: Revista de Estudos
Avançados da USE. São Paulo: Vol. 12, n° 34, set./dez., 1998. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">MARX,
K. Prefácio à "Contribuição à crítica da Economia Política". In:
MARX, K & ENGELS, E Obras Escolhidas. São Paulo: Alfa-Omega, s/d.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">__________.
"Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel". In: MARX, K.
A questão judaica. 5a edição, São Paulo: Centauro, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">__________.
"Teses sobre Feuerbach". In: A ideologia alemã. Lis-boa: edições
avante, 1981, p. 104. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ORSO,
José Paulino. "As possibilidades e os limites da educação". In: ORSO,
José Paulino. A Comuna de Paris de 1871: história e atualidade. São Paulo:
Editora Ícone, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;">Referência deste texto e do livro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ORSO, Paulino José. <i>A educação na sociedade de classes:</i> possibilidades e limites. In <u>Educação
e luta de classes</u>. São Paulo: Expressão Popular, 2008.</span><b><span style="font-size: 18pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ORSO, Paulino José; GONÇALVES, Sebastião
Rodrigues; MATTOS, Valci Maria (org.). <i>Educação
e luta de classes</i>. São Paulo: Expressão Popular, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div>
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[1]</span></span></span></a>
Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná — Unioeste —, mem-bro do
Espaço Marx — SP, líder do Grupo de Pesquisa em História, Socie-dade e Educação
— GT da Região Oeste do Paraná — HISTEDOPR. E-mail: paulinorso@uol.com.br</div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">[2]</span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> Cf. ORSO, J. "As
possibilidades e os limites da educação", pp. 89-102.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[3]</span></span></span></a>
MARX, K e ENGELS, F. "Manifesto do Partido Comunista", p. 7.</div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[4]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> MARX, K. Prefácio à "Contribuição à critica da
Economia Política", p. 301.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">[5]</span></span></span></a>
<span style="font-size: 10pt;">MÉSZÁROS, I. Educação
para além do capital.</span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[6]</span></span></span></a>
MARX, K. Prefácio à "Contribuição à Crítica da Economia Política", p.
301.<span style="font-size: 9pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[7]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> MARX, K. "Introdução à
crítica da filosofia do dir</span><span style="font-size: 10pt;">eito de
Hegel", p. 86.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn8">
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 35.45pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[8]</span></span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> MARX, K. "Teses sobre Feuerbach", p. 104.</span></div>
</div>
<div id="ftn9">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/C%C3%A0ssio/Documents/Arquivo%20C%C3%A1ssio%20Diniz/Mestrado/Lins/3%C2%BA%20aula%20-%20fundamentos.doc#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">[9]</span></span></span></a>
MARX, K. "Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel", p.
94</div>
</div>
</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-28740824741803632602012-03-10T16:15:00.000-08:002012-03-13T07:50:10.649-07:002ª aula: texto de Antonio Joaquim Severino (para o dia 31/03)<i>para baixar versão para impressão, clique <a href="http://www.4shared.com/office/BuiC5-FD/2_aula_-_fundamentos.html" target="_blank">aqui</a></i><br />
<b><span style="font-size: x-small;"><br /></span></b><br />
<b><span style="font-size: large;">Texto introdutório do livro Educação, Sujeito e História, de Antonio Joaquim Severino </span></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Desde suas origens gregas, a tradição filosófica e cultural do Ocidente sempre priorizou a teoria ao se referir à significação dos fenômenos e eventos da realidade. Teoria entendida e exercida como simples jogo combinatório de idéias, dimensão privilegiada e prestigiada como uma esfera autônoma, desenvolvendo-se no mundo inteligível, como se fosse uma atividade situada numa dimensão qualitativamente superior às atividades práticas desenvolvidas no mundo sensível, marcadas pela contingência. Antropologicamente falando, o pensar humano surge como uma experiência de subjetividade, um exercício autônomo frente à vida prática. Mais ainda, como se antecedesse a ação . </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao longo de sua experiência de quase três mil anos, de tanto privilegiar a atividade teórica, a filosofia ocidental acabou atribuindo-lhe muita autonomia na elaboração de seus produtos. Isso ocorreu porque o processo da subjetividade era visto como uma contemplação mental dos objetos. Daí a prevalência das idéias em relação a objetos e ações práticas. Por isso, apesar de a manifestação da educação ocorrer no plano concreto, tendeu-se a explicá-la a partir das idéias mediante as quais era representada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De modo especial diante de fenômenos como a educação, constata-se que seu significado (assumido como conteúdo mental e representação simbólica transposta da contemplação do real) é o resultado de um complexo processo de construção, realizado através da atividade prática, da qual a teoria é apenas uma dimensão. É a prática que constrói a educação assim como toda expressão da existência humana. Toda explicação teórica deve ter a condição prática como referência fundamental. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao agir de modo prático para educar, o educador constrói a educação em sua condição real, compartilhando-a com os educandos. Não é só compartilhar através de um olhar intelectual comum, mas de uma incorporação mediante a prática. Como mediação privilegiada da educação, o ensino não passa apenas informações, mas, sobretudo um procedimento. Mais que um discurso em sentido estrito, as práticas do cotidiano educacional formaram um ethos, um modo de ser e de viver. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, a prática humana é opaca. Ela não se auto-esclarece apenas por efetivar-se. Sendo humana, ela é intencional e se vincula a fins, muito além da eficácia mecânica. Ao ganhar flexibilidade, não se submete mais à determinação de mecanismos rígidos dos instintos. Mas a intencionalidade (significação conceitual e/ou valorativa que orienta nosso agir) que impregna a prática humana nem sempre é transparente; o mais das vezes, ela se camufla sob disfarces ideológicos ou outras formas de alienação de tal modo que o sujeito, em sua cotidianidade, nem sempre tem plena consciência do sentido de suas ações. Nosso agir social, embora não seja puro instinto, é ambíguo quanto a sua gênese e fontes intencionalizantes. Suas fontes energéticas encontram-se num emaranhado complexo de vetores orgânicos, psíquicos, sociais e culturais que se amalgamam no âmbito de nossa subjetividade e quase nunca no plano consciente. Na maioria das vezes, manifestam-se na homogeneidade do senso comum como consciência iludida e ingênua. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não obstante, a prática humana precisa da teoria para se expressar significativamente. Ela seria muda se não se exprimisse pelo pensamento e pelo conceito. O seu sentido não se revela mecanicamente, mas só se dá a um sujeito que seja capaz de lê-lo. A teoria, em sentido amplo, é o esforço de realizar essa leitura e explicitar o sentido imanente à prática. É o meio possível para a leitura da realidade, para que ela possua algum sentido. Assim, as práticas concretas são a base do fenômeno educativo e lhe dão realidade; mas a teoria dá configuração ao objeto como tal, enquanto educação. A prática humana, em que pese a opacidade de sua gênese, só pode ser esclarecida e significada pela lucidez da consciência e pela expressão teórica da subjetividade. Não há outro caminho. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, a atividade teórica ganha sentido na medida em que se faz como intencionalização da prática, que opera quando efetiva o esclarecimento. No âmbito educacional, a teoria tem por finalidade esclarecer os elementos envolvidos na prática, dando-lhes sentido norteador e referência do processo, evitando que a intervenção educativa se tome puramente mecânica. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A intencionalidade supera a transitividade da prática. Esta, por ser dependente das mediações objetivas, corre o risco de se efetivar de modo automático mediante o jogo das forças transitivas da naturalidade dos mundos físico-biológico ou sócio-cultural. Daí a exigência da intervenção significadora da prática simbólica da consciência cognoscitiva e avaliativa, a qual instaurará o sentido da prática. Por isso, a educação só é humanizadora se for intencionalizada pelo conhecimento e pela valoração, desde que referidos à significação apreendida na existência histórico-social. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ciência e filosofia, as duas modalidades de conhecimento mais desenvolvidas na cultura ocidental, participam da construção do conceito da educação, pois elaboram sua intencionalidade e significação. Trata-se do investimento global da atividade cognoscitiva com vistas a estabelecer as referências norteadoras da prática educacional, tal como planejada e executada pelas sociedades históricas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Atribuir hoje essa responsabilidade à filosofia exige que, à luz do seu desenvolvimento, se defenda o papel intencionalizador da razão. Caso esta seja assumida como o núcleo do sujeito capaz de construir, mediante diferentes modalidades de conhecimento, o significado conceitual das coisas, ao longo do tempo histórico em que se realiza a cultura, tenha-se claro que não se trata de uma trajetória harmoniosa nem conduzida pela força transcendental de uma necessidade determinística. É, sim, um processo sinuoso, crivado de obstáculos e com resultados marcados pela ambigüidade. Uma situação complexa na ciência se toma muito mais delicada no caso da filosofia, solo da tarefa mais crucial: elucidar o sentido da existência. O ato de conhecer é comparável à situação de um piloto de avião voando em condições precárias. Quando a visibilidade é pouca, ele pode conduzir a aeronave por meio de instrumentos, sem sair da rota nem correr risco de erros graves. Mas, quando se trata de guiar a sua vida, dando-lhe um norte a partir da intencionalização de sua ação prática, o sujeito nunca se
encontra em “céu de brigadeiro” e seu vôo não é feito à plena luz do mundo das idéias, nem automaticamente. O vôo do espírito se faz em meio à neblina, nunca escapa às brumas! O erro do Iluminismo foi considerar que a razão eliminaria todo traço de trevas. Clareia, sim, mas é uma claridade refratada na neblina e ofuscada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Platão simplificou nossa condição em sua Alegoria da Caverna. É verdade que, pelo exercício do conhecimento intelectual, o espírito sai da caverna. Mas fora dela não está sob plena luminosidade! No lado de fora, a luz do Sol se mistura às brumas. </div>
<div style="text-align: justify;">
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Assim, a transparência dos atos relacionados à subjetividade não é absoluta. Merleau-Ponty tem razão ao considerar que o conhecimento humano, mesmo o mais lúcido, nunca consegue eliminar certa ambigüidade. Essa convicção é uma marca forte em quase todas as expressões da filosofia contemporânea, chegando até a uma postura cética e pessimista. Esta se contrapõe ao otimismo do pensar iluminista e procura legitimar-se como recusa da modernidade e afirmação da pós-modernidade. </div>
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Paira no ar aguda consciência do drama da contingência humana e das limitações de seu poder mais específico: a utilização da subjetividade racional. Ao longo de sua história como construtor do conhecimento, o sujeito não transita apenas por caminhos suaves, balizados por conquistas e consolidações, mas também por fracassos. O mais terrível é que o inimigo maior da razão não se encontra fora dela. Ao longo de sua trajetória, desde quando foi observada, a racionalidade humana encontra o maior obstáculo em seu interior, sendo freqüentemente derrotada por si mesma numa implacável luta contra a desrazão. </div>
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Por isso, a construção do conhecimento - que deveria intencionalizar a existência humana na dimensão teórica e nas aplicações éticas, políticas ou pedagógicas - é atravessada por percalços, num caminhar repleto de promessas e de tantas desilusões. O absurdo sempre afronta o lógico: isso faz com que muitos, como os filósofos arqueo-genealógicos, afirmem que o desenvolvimento do humano tem história, mas não tem lógica. </div>
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A História nos últimos milênios apóia tal ceticismo. Apesar dos investimentos e avanços da intervenção racional sobre as mediações do destino da espécie, a cultura contemporânea mostra um saldo em que a desrazão parece vencer; a humanidade não consegue conduzir sua existência referindo-se a significações que correspondam a uma maior humanização. O espetáculo que a sociedade se oferece neste início de terceiro milênio ocidental é uma exposição em carne viva da derrota do senso racional frente a desmandos de toda ordem. A barbárie está levando a melhor sobre a civilização, uma possível organização racional da sociedade. Quando a economia se guia sobretudo pela insondável “mão invisível do mercado”, percebe-se a prevalência da irracionalidade. Como é possível a razão destruir sua única referência cabível? De que valeria esse maravilhoso equipamento da subjetividade se acabássemos desfigurados por ele?</div>
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A convivência dos homens entre si e com a natureza mostra-se insustentável e ameaça acuar o espaço pessoal de existência digna. Os indícios de uma androidização da espécie aumentou nas últimas eras, ao mesmo tempo que os processos da produção e distribuição de bens atiram segmentos enormes no limbo da exclusão, condenando-os à inanição. Não mais se verificam circunstâncias conjunturais, mas processos estruturais, nos quais alguns setores jogam com plenos poderes e fria lucidez. Nessa entropia, a civilização se tomou barbárie e a lógica racional se fez irracional idade. Ser racional é a última característica da lógica do mercado! </div>
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Os homens dispõem apenas da razão para enfrentar e reorientar essa situação de acordo com alguma intencionalidade. Essa razão, que responde pela enlouquecida corrida rumo à barbárie total, é a única ferramenta da espécie para construir a civilização. Só o conhecimento poderá esclarecer-nos e apresentar significações para redirecionar nossa prática, mediadora da existência, potencializando as dimensões humanizadoras. </div>
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A educação é radicalmente vinculada ao conhecimento e se toma sua mediadora para intencionalizar a prática humana. Daí sua importância para a existência e a imperiosa necessidade de se transformar a estratégia pedagógica em esforço de universalizar o poder intencionalizador do conhecimento, de modo que todos os sujeitos se dêem conta dos sentidos que redicionariam sua ação na linha de maior humanização. </div>
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Sendo a única via para significar a ação construtora da História, o conhecimento se firma como índice de transcendência no seio de sua total imanência. O modo de existir do homem, imerso nas condições objetivas, impele-o a ultrapassar essas condições, na medida em que as nomeia, re-significa e articula no desencadeamento e execução de sua ação prática. </div>
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Assim, toda explicação formulada pela subjetividade racional esbarra na radical contingência do conhecimento, em sua historicidade. A imanência denuncia, como petulância arbitrária, qualquer pretensão ao conhecimento trans-histórico, bem como a verdades definitivas e referências absolutas. </div>
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Essas limitações não eliminam o compromisso de praticar uma “transcendência histórica”, investir na construção de verdades provisórias, explicitar valores para legitimar finalidades datadas participando da construção de sentido. Se ao conhecimento humano é vedado o acesso a qualquer verdade trans-histórica, não lhe é impossível estabelecer saberes históricos como referência para sua prática, definindo rotas em nosso vôo por entre brumas. Tal vôo não só não é impossível, mas é necessário, apesar das limitações. </div>
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A presente reflexão assume essa premissa. A filosofia deve ser praticada oportuna e inoportunamente, ciente de seus condicionamentos. No caso da Filosofia da Educação, compromete-se na elucidação do sentido da estratégia pedagógica do conhecimento. </div>
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Pretendo explicitar o papel da filosofia no processo de educação, conceitualmente e em seu pleno significado, bem como o sentido de uma Filosofia da Educação e sua contribuição ao compreender o significado do processo educacional. É sob a modalidade filosófica que o conhecimento realiza essa tarefa. </div>
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<b>Referencia bibliográfica </b></div>
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SEVERINO, Antônio Joaquim. Educação, sujeito e história. São Paulo: Olho d’Água, 2001, p. 7 – 13.
</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-39513497923712813542012-03-08T06:45:00.000-08:002012-03-08T06:45:01.461-08:00O papel da educação na sociedade capitalista<div style="text-align: center;">
<b>Vídeo-conferência do prof. Dr. Valério Arcary sobre o papel da educação na sociedade capitalista e o papel dos trabalhadores frente a esse paradigma.</b></div>
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/EXGIrYrScRQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<br /></div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8211667349020457437.post-101003397904089442012-02-08T07:54:00.000-08:002012-02-09T06:14:56.670-08:001º Aula: Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos da Educação: se apropriando e construindo conceitos acerca da educação na sociedade moderna<div style="text-align: center;">
<i>versão em pdf para impressão, clique <a href="http://www.4shared.com/office/jxTKZ2iC/1_aula_-fundamentos.html">aqui</a></i></div>
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Professor Cássio Diniz</div>
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<b>Apresentação</b><br />
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O objetivo desta aula é iniciar com os estudantes o debate acerca das contribuições que os fundamentos da sociologia, da história e da filosofia pode nos oferecer na compreensão do fenômeno educacional na sociedade moderna capitalista, mas precisamente a escola como espaço formal. No entanto, isso não significa que a educação esteja restrita ao espaço escolar tradicional. Do contrário, este fenômeno se manifesta em quase todos os ambientes sociais existentes, desde a família até as instituições. Mas como professores e futuros professores, é importante compreender o papel que o mesmo tem na sociedade moderna capitalista.</div>
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Para isso, faremos uso dos conhecimentos e das bases teóricas que a História, a Sociologia e a Filosofia nos oferecem, compreendendo que a educação é um fenômeno social que se manifesta ao longo da história da humanidade e se construiu a partir das necessidades próprias de cada período histórico. Na sociedade moderna capitalista, a educação tornou-se ferramenta de apropriação da realidade, dando à escola o caráter oficial e moldador do ideal humano estabelecido pela ordem social, econômica e política do sistema. Entretanto, as ideias pedagógicas que permeiam este processo partem de como os seres humanos pensem sobre si e sobre tudo, teorizando a sua própria existência.</div>
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Ao final desta primeira aula esperamos ter contribuído com os estudantes com algumas reflexões que acreditamos ser importantes, como:</div>
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• Entender que a educação não é neutra, ao contrário, possui uma intencionalidade;</div>
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• Identificar que existem diferentes conceitos de educação;</div>
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• Compreender que a educação não é uma prerrogativa apenas da escola, que ela ocorre em diferentes espaços sociais.</div>
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<b>O ser humano e o processo histórico de sua formação</b></div>
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Quando pensamos na nossa própria realidade, muitas vezes somos permeados por idéias pré-concebidas na esfera do senso comum. Na maioria dos casos não buscamos refletir profundamente e abusamos do pragmatismo para estabelecer certas concepções que buscam explicar o que somos e como somos. Acreditamos que essas ideias são as únicas e que nos resta apenas segui-las.</div>
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Dermeval Saviani, em seu livro <i>Educação: do senso comum a consciência filosófica</i>, aponta a necessidade da superação desta forma de compreensão da realidade. Ele propõe que o ser humano vá além da simples absorção das ideias dominantes e alicerçadas pelo senso comum, e que busque por meio da reflexão filosófica a apreensão de sua realidade, participando inclusive da construção do conhecimento que alicerce esta reflexão. Isto é, que o mesmo torne-se sujeito de sua própria existência.</div>
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No entanto, para que isso aconteça, precisamos entender que o ser humano se constrói a partir de sua própria existência ao longo da história. Isto é, a história humana não é apenas um amontoado de fatos de um passado distante, mas se configura enquanto um processo em constante transformação, no qual o passado, o presente e o porvir constituem-se como um contínuo infinito.</div>
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O ser humano é antes de tudo um ser social. Não vive e sobrevive no mundo sozinho e isolado, sobrevivendo apenas em sua individualidade. Sob diversas formas, é um ser que se interage com outros seres, de forma direta ou indireta, na busca por sua sobrevivência. Desde as primeiras comunidades (de forma simples) até a atualidade (de forma complexa) os homens se relacionam entre si na formação das condições que garantam a sua existência material, mesmo que essa busca seja motivada por interesses individuais. Estabelecem-se então relações econômico-sociais entre as partes, no qual o trabalho é a principal – e única – fonte dos recursos materiais necessários para a sobrevivência humana.</div>
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Com o desenvolvimento das sociedades complexas, principalmente a partir do século XX a.C., evidenciou-se o surgimento de características econômico-sociais em diferentes grupos. Ao estudarmos a antiga civilização egípcia e grega, perceberemos a formação de grupos nestas sociedades que se apropriarão dos meios de produção coletivos, dando-lhes o caráter de propriedade privada. A riqueza gerada pelo trabalho da maioria nestes meios tornava-se posse de alguns. Da divisão social entre a minoria possuidora destes bens e a maioria que por meio de ser trabalho produz esses bens, mas não os tem, irão surgir as chamadas classes sociais, desiguais entre si mas intrinsecamente interligadas nos modos e modelos de produção existentes em diferentes períodos históricos.</div>
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No entanto, o modelo social estabelecido a partir desta divisão não sobrevive por si próprio. A classe social dominante precisa manter este modelo a partir de instrumentos coercitivos, que a impõe por meio de métodos punitivos e/ou morais sobre todos os demais. Daí surge o que chamamos de Estado, ou poder estatal, que como definiu Karl Marx, o comitê central (aparelho de poder) da classe dominante.</div>
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O Estado, a serviço desta classe, vai se desenvolvendo ao longo da história. De simples aparelho repressor, ele se torna em um aparelho administrador da sociedade a partir dos interesses da classe que lhe detém o poder. </div>
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Mesmo poderoso, ele não tem vida própria. Ao longo da história diferentes modelos de Estado surgiram e desapareceram de acordo com as transformações econômicas e dos modos de produção existentes. Em cada período histórico e em cada civilização específica, o Estado era o reflexo político do modelo econômico existente. Por isso o Estado Romano era diferente do Estado Medieval, que era diferente do Estado Absolutista, que é diferente do Estado Burguês, assim por diante.</div>
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Paralelo a isso, as sociedades divididas em classes sociais desenvolveram formas de pensamento que buscam interpretar, no campo das ideias, a realidade humana. De forma simplória ou erudita, os homens buscaram entender e teorizar a significação dos fenômenos e eventos da realidade. No entanto, muitas destas interpretações representavam interesses de determinadas classes sociais, e a classe dominante, como hegemônica nas sociedades, tomou-se a primazia da elaboração destas ideias. Até meados do século XVIII chamamos esse conjunto de ideias que se estabelecem socialmente de <i>mentalidades</i>. Com as transformações ocorridas a partir do século XVIII e a ascensão do capitalismo, chamamos este fenômeno de <i>ideologia</i>.</div>
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<i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><br /></span></i></div>
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<i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ideologia, de acordo com os escritos de Karl Marx, é aquele sistema ordenado de normas e de regras (com base no qual as leis jurídicas são feitas) que obriga os homens a comportarem-se segundo as vontades “do sistema”, mas como se estivessem se comportando segundo a sua própria vontade. Disponível em: </span></i><i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><a href="http://www/"><span style="color: black; text-decoration: none;">http://www</span></a>.</span></i><i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/ideolog/index.html </span></i></div>
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<b>Revoluções burguesas e a ascensão do capitalismo: o papel da educação</b></div>
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Entendemos a educação como um dos processos de formação cultural do ser, sob a forma individual e/ou coletiva. Este processo visa construir no ser humano a capacidade de absorver e formar conhecimento e interagir no mundo social e do trabalho, tendo como prioridade a sua formação enquanto ser social.</div>
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Segundo Émile Durkheim, a educação é essencialmente o processo pelo qual aprendemos a ser membros da sociedade. <i>Educação é socialização!</i> Para ele, é uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos. E, afirma que existem certos costumes e regras que precisam e devem ser obrigatoriamente transmitidos no processo educacional, gostemos ou não deles.</div>
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No século XVIII a humanidade presenciou as chamadas revoluções burguesas. Isto é, processos revolucionários que tiveram como sujeitos sociais a florescente burguesia e que tinha como objetivo a superação das contradições econômicas, sociais e políticas existentes no Antigo Regime e representadas no Estado Absolutista hegemonizado pela nobreza feudal. Com isso o nascente capitalismo teve suas amarras políticas soltas e um novo aparelho político – o Estado burguês – que assumiria o controle da sociedade.</div>
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Já segundo Karl Marx e os teóricos da Pedagogia Histórico-Crítica, a educação a partir de então ganha um papel especial. Antes aceita apenas como processo de formação de uma elite política e intelectual, a educação será vista como o instrumento de doutrinação ideológica da nova classe dominante, ensinando os valores da burguesia e que hoje tomamos como as de toda a sociedade.</div>
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A sociedade capitalista, desde seu início, desenvolveu as suas contradições. Longe de superar as mazelas existentes anteriormente, o novo sistema aprofundou as desigualdades sociais, a exploração e a opressão entre as diferentes classes sociais, que neste caso se configuraram em duas: a burguesia e o proletariado .</div>
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Apesar de não ter sido a primeira vez na história, percebeu-se a necessidade de se impor de fato uma ideologia que destruísse a identidade de classe que o proletariado e demais classes oprimidas poderia adquirir. E a melhor forma de se impor uma ideologia burguesia que corroborasse o ideal capitalista seria justamente a educação oficial/formal oferecida pela escola institucional.</div>
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O Estado burguês vai buscar por meio de seu instrumento, a escola oficial institucionalizada, construir na sociedade os valores ideológicos da burguesia. Como diria Althusser, “a ideologia tem uma existência material. Isso significa dizer que a ideologia existe sempre radicada em práticas materiais definidos por instituições materiais” (apud SAVIANI, 2009, p. 20), no qual a escola é o Aparelho Ideológico de Estado. Para a burguesia, transferir esta forma de conhecimento é fundamental para se manter o status quo do sistema. A educação se transformou em uma forma de “doutrinação da esmagadora maioria das pessoas com os valores da ordem social do capital como ordem natural inalterável” (Meszáros, 2008, p. 80). </div>
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No entanto, Marx não tem uma visão fatalista da educação. Ele apenas demonstra o papel institucional da escola formal sob controle do Estado. Antes de tudo, Marx aponta que a educação é diretamente relacionada aos interesses de classe. Conforme o conteúdo de classe ao qual estiver exposta, ela pode ser uma educação para a alienação ou para a emancipação. E isso dependerá dos sujeitos sociais que atuarão no processo educacional.</div>
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<b>Questões para reflexão</b></div>
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1. Para você, quais são as diferenças entre o senso comum e o pensamento crítico? Dê exemplos:</div>
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2. Em sua opinião, é correto afirmar que o ser humano é antes de tudo, um ser social? Justifique:</div>
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3. A concepção de educação apresentada por Durkheim é possível de ser percebida em sua vivência tanto de professor, quanto de aluno? Justifique:</div>
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4. Você concorda com a definição de escola de Marx? Ela lhe remeteu a alguma lembrança ou experiência que você teve ou tem?</div>
</div>Cássio Dinizhttp://www.blogger.com/profile/02252553395299623809noreply@blogger.com0